Daniela (Cristiane Wersom) e Bruno (Pedro Bosnich). Foto: Kelson Spalato
No meio da madrugada se perguntam: “Mas quem pagaria para ver o que as pessoas fazem no motel?”.
É bem verdade que os motéis não são um lugar cuja grande finalidade seja ficar conversando e o diálogo desse casal parece surgir porque não há muito o que fazer naquele intervalo quase ocioso entre uma relação sexual e outra. É nesse momento de vazio que a conversa se inicia a partir de assuntos prosaicos como nomes e filmes. No entanto, ao decorrer daquela conversa quando os personagens comentam fatos anteriores de suas vidas, a peça se mostra uma grande possibilidade de reflexão sobre escolhas que fazemos e quais as suas consequências.
O teatro ainda é um lugar de muitas emoções e reflexões, esse lugar de encontro com questões que estão dentro de nós e por coincidência, muitas vezes estão ali, no palco também. Ri bastante porque me identifiquei muito com o que vi, mas também porque Na cama é uma peça leve, que utiliza o humor de um jeito muito fino.
Tanto Cristiane Wersom quanto Pedro Bosnich parecem muito à vontade em cena, e tudo combina, o texto com as piadas, o cenário onírico e poético que nos cativa, chamando atenção junto com um desenho de luz lindo, assim que entramos na sala de espetáculo.
Fiquei com muita vontade de assistir o filme – En la cama – que originou a peça. É possível que a experiência de assistir um trabalho bom em cena, não se encerra no momento em que voltamos para casa.
Foi muito bom dividir a cama com este casal, recomendo esta peça, portanto.
Na cama
Texto: Julio Rojas
Direção: Renato Andrade
Elenco: Cristiane Wersom e Pedro Bosnich
Teatro Vira da Lata
Rua Apinajés, 1387
Sumaré
R$ 40 e R$ 20 (Meia)
Quintas, às 21h
Até 29/11
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Uma resposta
É interessante como estas pequenas coisas do nosso dia-a-dia resultam em crônicas de tão boa qualidade, e tão inteligentes. De fato, uma peça que gostaria de assistir.