Tudo o que tenho levo comigo- Herta Müller

Nesse livro, Leo Auberg narra detalhadamente tudo que vivenciou no campo de trabalho, quando foi forçado a ir com apenas dezesste anos, porque Stálin obrigou a todos de origem alemã a trabalhamrem de forma forçada como um meio de reconstruir a união soviética e de pagar pelos crimes de guerra.

No campo de trabalho, Leo e todos que também foram forçados a irem, viveram de forma desumana, passaram fome, morreram. Mas Leo tirou sua força das palavras. A título de exemplo, se apegou na frase dita por sua avó no momento da despedida: “Eu sei que você vai voltar”. E nos cinco anos que ele esteve lá, essa frase nunca foi esquecida. É surpreendente o quanto Leo Auberg amadurece em pouquíssimo tempo, o quanto uma experiência como essa é devastadora. Mesmo depois de sessenta anos após ter obtido liberdade, ele nunca pode esquecer tudo pelo que passou. Se sai do campo de trabalho, mas o campo de trabalho fica dentro de quem passou por lá para sempre. E o tempo que Leo passou no campo de trabalho é o que é mais é falado no livro, das 304 páginas, 264 é sobre os cinco anos que ele esteve lá.

No início, há um certo estranhamento porque não há pontuação, é tudo intenso, cíclico, dentro de uma narrativa rígida, mas no decorrer do livro o leitor vai se acostumando e percebe também que a autora personifica coisas que são subjetivas, como a fome e a dor.

É um livro triste e reflexivo. Era planejado que a autora, junto com o poeta Oskar Pastior fizessem algo juntos, baseado nas lembranças da época em que ele viveu no campo de trabalho, mas em 2006 Pastior veio a falecer, então Herta Müller transformou as anotações que tinha feito, nesse livro, publicado em 2009, mesmo ano que a autora ganhou o Nobel.

Foi publicado aqui no Brasil em 2011, pela Companhia das Letras. É preciso dar destaque para a tradução da Carola Saavedra, que traduziu do alemão.

Uma resposta

  1. Oie!

    Novato aqui no blog que, conheci através do blog "Eu e Meus Vícios Literários" da Ingrid Kimberly.

    Este livro é triste, hein? Mas gostei muito do modo como você descreveu a resenha.
    Me despertou interesse! 🙂

    Visite-nos e caso queira, siga-nos. Ficaremos Felizes!
    Irmãos Livreiros

    Beijos!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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