Uma teoria provisória do amor- Scott Hutchins

Nesse romance de estreia do autor, conhecemos Neil Basset Jr, um ex- redator publicitário que mora em San Francisco (por isso a capa) e atualmente trabalha em uma empresa de informática, Amiante Systemns. Apesar de não ser sua área de atuação, seu chefe tem muito interesse nele por um motivo primordial: a empresa está tentando desenvolver o primeiro computador inteligente do mundo a partir dos diários escritos pelo pai de Neil. 

Para ser considerado inteligente, o computador tem que passar no Teste de Turing, no qual, juízes conversam com um computador e com um ser humano, sem saber qual é qual. Se o computador, por trinta por cento do tempo conseguir convencer os juízes de que não é uma máquina, ele é considerado inteligente.
Além disso, o leitor também pode acompanhar a vida de Neil como um todo, suas relações amorosas, familiares e interpessoais.

“Não podemos desaprender, desver, desfazer. Só podemos funcionar a partir de onde estamos.” (p.153)

Por causa do seu trabalho, que é aperfeiçoar o computador com base nos diários do pai dele, vemos como a relação dos dois nunca foi o que se pode chamar de boa, os dois nunca foram muito próximos de verdade e Neil, desde sua adolescência, quando seu pai cometeu suicídio, se sente culpado por não ter passado por um período de luto adequado, não sofreu pela morte do pai quanto que deveria ter sofrido.

Com 36 anos, recém-saído de um divórcio, não busca aprofundar nenhuma relação com outras mulheres, até conhecer Rachel, uma jovem de vinte anos e ainda secundarista. A relação dos dois caminha para algo sério, mas no meio do caminho vão enfrentar algumas dificuldades práticas, como a diferença de idades e diferenças de objetivos e até de sentimentos.

“Um relacionamento que não dura não é um fiasco; é simplesmente um tempo da vida da gente que chegou ao fim.” (p.211) 

Este romance retrata bem a realidade do mundo atual ao não expor relacionamentos amorosos idealizados ou que deram certo, mas também aqueles que fracassaram. Aliado a isso, faz refletir sobre o caminho que as relações interpessoais estão tomando com os adventos tecnológicos que têm surgido, há cada vez mais uma maquinização das relações. Com isso, a pergunta que fica é: onde vamos parar com tanta tecnologia? Com tantas máquinas? Com cada vez menos tato e toque?
Ainda que de uma modo mais discreto, o livro também critica a sociedade de consumo, a compra não consciente de coisas que nem precisamos, mas que pensamos precisar para nos sentirmos melhor por termos aquilo que nem precisamos. 

“Uma boa medida do quanto uma pessoa passou a fazer parte de você é o nível de aflição que você sente quando ela te deixa.” (p.288)

O livro prende porque queremos saber se Neil e seus colegas de trabalho vão conseguir fazer com que o computador deles passe no teste de Turing e também queremos ver como vai ficar a relação com a Rachel.
Como o livro é narrado em primeira pessoa por Neil, só temos a visão dele, senti vontade de ver as coisas pela ótica da Rachel também.
É um livro que tem movimento, não é uma leitura parada, tem altos e baixos e faz o leitor refletir. O autor fez uma ótima estreia.

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(Livro lido para o #Desafio12MesesLiterários)

14 respostas

  1. Oie,
    Gostei bastante da sua resenha, mas não consegui me interessar pelo livro. A ideia tecnológica de criar um computador que passe no teste, além do romance, é legal, mas me pareceu que ainda falta alguma coisa pra o livro ser realmente bom, que prenda o leitor.
    Beijos
    Blog Relicário de Papel

  2. Oi
    Gostei d temática desse livro. Bem diferente de tudo que já li.
    Fiquei curiosa para conhecer o desenvolvimento dessa história e principalmente o desfecho.
    Sem falar que gosto de livros que nos fazem refletir.
    Adorei a dica.
    Beijinhos
    Rizia Castro – Livroterapias

  3. Olá!
    Não conhecia o livro e achei o enredo bem interessante. Parece ser bem reflexivo, não só entre a relação do protagonista com o pai que se suicidou, mas também com os relacionamentos amorosos, mas mais que isso com o ser humano e a tecnologia (que estamos cada dia mais apegados). Mesmo com o livro tendo altos e baixos, e acho pelo que você falou que se a Rachel tivesse voz no livro, haveria mais dinamismo. Eu não consegui me cativar pela história, gostei bastante, mas creio que não seria uma leitura pra mim.
    Beijos

  4. Ola
    A premissa parece ser bem interessante, e não sei como ainda não tinha lido nada a respeito. É uma temática aberta a muitas discussões, especialmente por conta de tudo que envolve a tecnologia, interações e relacionamentos íntimos. Reflexão é o que nao faltam pelo que pude perceber e eu gostaria mesmo de conferir.
    Beijos, F

  5. Oiii,

    Não tinha lido nada sobre o livro ainda, mas achei a capa dele bem parecida com de livro didático rs. A história parece ser bem interessante, principalmente por não focar tudo no romance e mostrar outras partes das vidas dos personagens, só não gostei de ser narrado em um único ponto de vista, eu sempre sinto falta do olhar do outro sobre a história nestes casos.

    Beijinhos…
    http://www.paraisoliterario.com/

  6. Gostei de conhecer essa obra, nunca tinha ouvido falar. Bom que ele é nesse estilo dinâmico,trazendo altos e baixos, e acho que é um pouco normal essa falta do outro ponto de vista, quando a narração se dá em primeira pessoa.

  7. Hey,
    Ainda não conhecia esse título, mas fiquei interessada, pois adoro essas tramas que mostram bem a realidade. Fiquei curiosa para saber se os amigos vão conseguir passar no teste e, também, saber como a questão do romance se desenrola.
    Sem dúvidas, anotei a dica.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

  8. Oie!!
    Parece que esse livro tem aquilo que no fundo todos queremos, não é mesmo? Uma história que nos prende, que tenha essencia e que nos ensina…
    Mas não sei… algo não me prendeu nele e por conta disso acredito que ele não seja muito o meu estilo :/

    beijos
    Livros & Tal

  9. Oi!
    Realmente deve ser extremamente interessante acompanhar essa história e ver se o computador deles i´r passar nesse teste, imagino que isso deve prender bastante o leitor e o deixar curioso com o final desta história.
    Com certeza é um livro bem interessante

  10. Não conhecia o autor ou a obra. A capa é legal.

    A ideia do enredo também parece ser bem interessante, mas a associação do amor ao computador me deixou confusa, haha! Pelo que entendi, ele só conhece a secundarista que suspeito auxiliar na equipe que está tentando ajeitar o computador. Mas deve ser bem interesse acompanhar o desenvolver do mesmo, fiquei curiosa a respeito da obra.

    Abraços!
    http://www.asmeninasqueleemlivros.com

  11. Oie! Tudo bem?

    Gostei bastante da proposta do livro, mas infelizmente não faz realmente meu tipo de leitura, mas acredito que uma amiga minha irá gostas bastante da história, então indicarei para ela, ainda mais que fala sobre temas bastante atuais!

    Bjss

  12. Olá, tudo bom?
    Não conhecia o livro mas adorei essa abordagem dos relacionamentos atuais e interpessoais x tecnologia, os impactos que a mesma apresenta nestes e fiquei bem curiosa para saber se esse projeto do computador vai dar certo. Enfim! Adorei a resenha e espero poder ler esse livro em breve.
    Beijos!!

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Maria Ferreira

Maria Ferreira é uma mulher negra baiana. É criadora do Clube Impressões, o clube de leitura de livros de ficção do Impressões de Maria, e co-criadora e curadora do Clube Leituras Decoloniais, voltado para a leitura e compartilhamento de reflexões sobre decolonialidade. Também escreve poemas e tem um conto publicado no livro “Vozes Negras” (2019). É formada em Letras-Espanhol pela Universidade Federal de São Paulo. Seus principais interesses estão relacionados com temas que envolvem literatura, feminismo negro e decolonial e discussões sobre raça e gênero. Enxerga a literatura como uma ferramenta essencial para transformar o mundo. 

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