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Geral

Diário de Estudos: Tópicos em História, Cultura e Linguagens Afro-Brasileiras (Semana 1)

Mulher da imagem: bell hooks

Sou estudante de Letras na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Estou no oitavo semestre e desde quando estrei no curso, lá em 2015, não me recordo de ter sido ofertada essa disciplina que estou cursando agora, Tópicos em História, Cultura e Linguagens Afro-Brasileiras, então quando vi essa disciplina no quadro desse semestre, não pensei duas vezes antes de matricular-me nela. Ela é uma disciplina de Formação de Professores, portanto, primordial para quem pretende lecionar.


O curso de Letras aqui da UNIFESP não tem muitas disciplinas (aqui chamamos de UC: Unidade Curricular) voltadas para discussão de questões raciais no campo da linguagem, apesar de termos um professor que estuda justamente esse assunto, mas há uma limitação no número de professores, que acabam precisando ministrar disciplinas que mesmo dentro de sua área de formação, não são exatamente especialistas nelas, ao invés de puderem dedicar-se somente ao que pesquisam. Resumindo, há uma rotatividade, o que é positivo, mas também tem seu lado negativo.

A questão aqui é que estou tão empolgada por estar cursando essa disciplina que quero trazer alguns assuntos abordados nela para cá. Não sei exatamente se isso vai ser um diário de estudos, mas pretendo fazer com que seja um espaço para trocas e ampliação do espaço da sala de aula, para que mais pessoas possam ter acesso às discussões, de modo que tentarei sistematizar os principais assuntos das aulas, facilitando o acesso à bibliografia do curso.

Para começar, vamos falar do cronograma. As aulas acontecem às sextas-feiras e tiveram início no dia 10 de agosto de 2018 com término previsto para o dia 07 de dezembro de 2018. Costumo me organizar para estudar e ler os textos dessa disciplina na terça-feira, então as postagens sairão semanalmente aqui nesse dia.

Achei muito bacana as formas de avaliação propostas pelo professor, que serão divididas entre a produção de um relatório sobre a visita à exposição “Histórias Afro-Atlânticas”, que está acontecendo no MASP até dia 21 de outubro, e/ou relatório sobre uma visita ao Museu Afro-Brasil, e/ou escrever a resenha de filme brasileiro que aborde questões da negritude no Brasil. Além dessas, teremos que produzir uma sequência didática em grupo, voltada para alunos do ensino fundamental, médio ou EJA e para tal o professor sugeriu três grandes temas para nos basearmos: 1) Literatura, História e Negritude no Brasil, 2) Linguagens, Racismo e Discriminação racial no Brasil e 3) A Cultura Negra no passado e no presente no Brasil.

Cada aula em um tema geral. O tema da primeira foi “Ensinando a transgredir: educação e liberdade”. Depois de apresentar todo o funcionamento do curso, já começamos a entrar nele de fato pela leitura de dois textos: “Quando me descobri negra”, de Bianca Santana, presente em seu livro de mesmo título e parte da introdução do livro “Ensinando a transgredir”, de bell hooks.

Lemos esses dois textos buscando responder uma questão proposta pelo professor: “Como produzir uma pedagogia antirracista transgressora e como prática da liberdade?”.

Nos reunimos em grupos para discutir os textos e possíveis respostas à essa pergunta e sugiram como possíveis respostas : criação de espaços nos quais os estudantes possam se reconhecerem como negros (identidade), desconstrução de hierarquias, fazer da escola um espaço para a liberdade e ampliação dos horizontes dos alunos negros, escola como um espaço para os alunos se reinventarem e não espaço em que tenham que estar constantemente provando ao outro que são tão capazes quanto os colegas, pensar nas políticas e nos materiais didáticos a partir do lugar do negro, descolonização da educação escolar, que a escola não seja um espaço para “eufemismos”, considerar a interseccionalidade, escola como lugar de múltiplas possibilidades de vida, o professor precisa conhecer seus alunos, sua vida e trajetória, para que possa contribuir na criação de uma escola que seja local de prazer e aprendizados efetivos, que pense em práticas contra hegemônicas e não um espaço opressor e por fim, combater ao racismo e transformar o debate das questões raciais.


Para a próxima aula, que tem como tema “A lei 10.639/03: por uma outra educação no Brasil”, teremos que ler as Leis 10.639/03 e 11.645/08, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e um artigo intitulado “Em torno das ‘Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana’: uma conversa com historiadores”, de  Martha Abreu e Hebe Mattos.

Criei uma pasta no Drive para disponibilizar os textos indicados para as aulas e textos complementares, de modo que qualquer pessoa com o link possa acessá-los. Essa pasta será alimentada com base na que o professor criou para o curso. A pasta pode ser acessada clicando aqui.

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3 Comentários

  • Responder
    Unknown
    3 setembro, 2018 em 03:52

    Adorei o post e a ideia do projeto. Já peguei os textos aqui no drive e pretendo lê-los em breve. Muito bom o que você está fazendo. Trazer o conteúdo acadêmico para quem está fora da academia é importantíssimo. Ótimo trabalho!

  • Responder
    Unknown
    8 setembro, 2018 em 13:56

    A vontade que dá é de assistir a aula junto com você! Que maneiro ver que a aula não segue o modelo tradicional ou fica preso naquele conceito engessado de reprodução de conteúdo, fazendo do espaço um lugar potente.

  • Responder
    “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, de bell hooks – Impressões de Maria
    7 maio, 2021 em 18:01

    […] Impressões de Maria. Em 2018 a Maria comentou que o livro foi a primeira leitura que ela fez em uma das disciplinas que cursou na UNIFESP e neste ano, o livro foi uma das leituras indicadas na lista 21 livros para 2021. E esta foi uma […]

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