Em Se liga, Dani Brown (publicado no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução Lígia Azevedo) acompanharemos a protagonista Dani Brown, uma mulher negra muito bem resolvida com seu corpo, que após terminar um relacionamento decide viver seus romances sem buscar nada sério. Por algum tempo o plano até funciona, mas no meio do caminho surge Zafir, um ex-jogador de Rugby que irá conquistá-la com seu jeito romântico e carinhoso.
O encontro de ambos acontece na universidade em que Dani trabalha como professora quando ela acaba sendo salva por ele (que é o segurança do local) após ter ficado presa no elevador durante um treinamento. Aos poucos eles começarão um relacionamento de mentira, porque várias pessoas filmaram o seu salvamento e colocaram na internet, fazendo aquele momento viralizar. Como resultado, os dois acabaram sendo transformados em uma espécie de casal sensação, e Zafir tenta usar essa nova imagem de herói para divulgar e atrair investidores para sua associação esportiva, chamada “Enfrente”, em que ele fala sobre a importância da saúde mental entre jovens jogadores de Rugby e esportistas negros em geral.
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É muito interessante a forma como a autora aborda a questão da ansiedade através de uma cena em que Zafir sofre um ataque de ansiedade e pânico pouco antes de ser entrevistado em uma rádio; e Dani, que estava junto, acabou prestando todo o seu apoio ao namorado. Ainda que sem saber como ajudar direito, ela se fez presente ali para dar apoio emocional, demonstrando a natureza de sua índole. Gosto também da forma como a autora aborda outros temas importantes como relacionamentos tóxicos e abusivos, empoderamento feminino e racismo — que ela faz muito bem em outras de suas obras.
Se liga, Dani Brown é um livro repleto daqueles clichês que a gente já conhece através de outras centenas de livros e roteiros escritos e protagonizados por pessoas brancas. Conhecemos de longe o rumo dessas fórmulas batidas em que o casal principal vai ficar junto no final, mas antes eles passarão por um momento de desentendimento — que seria resolvido se ambos falassem sobre seus sentimentos. E no final alguém vai fazer um grande gesto e os dois vão se desculpar e finalmente ficarem juntos.
Por fim, apesar de não ser memorável, a autora faz muito bem o que ela se propõe a explorar dentro do gênero literário, além de ser um livro que trás para o primeiro plano a saúde mental dos homens negros. Hibbert consegue balancear uma infinidade de temas e gêneros importantes sem fazer com que a trama perca sua leveza e seu aspecto erótico, pois ela tem em mente que o leitor espera estar diante de um livro hot gostosinho de ler, bem óbvio e cheio de clichês — só que dessa vez protagonizado por pessoas negras. Se você gosta desse tipo de literatura, acho que você vai adorar Se liga, Dani Brown.